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20 de Abril de 2024

Justiça Federal determina a criação de Posto de Saúde em Aldeia Indígena

"Nossa hipótese é que essas transformações ocorreram devido a uma maior aproximação dos centros urbanos e à intensidade do contato dos índios com a sociedade não indígena", diz pesquisadora.

Publicado por Fátima Burégio
há 6 anos

Dia 19 de Abril é comemorado o dia do índio.

Este dia, outrora bastante comemorado nas escolas e centros educacionais, hoje caiu praticamente no esquecimento de muitos, os direitos dos índios estão sendo mitigados, alguns sequer observados, e o que se vê é um quadro assustador e preocupante.

Acabei de ler uma matéria interessante em que a Quarta Turma do TRF da 3ª Região determinou que a União criasse um Posto de Saúde para atender a uma aldeia indígena, localizada no Vale da Paraíba (SP), concedeu prazo e fixou multa em caso de efetivo descumprimento.

Ora, é sabido que hodiernamente alguns índios estão enfermos, outros mudaram drasticamente seus costumes, aderiram à modernidade, visitam assiduamente a cidade, não mais se exercitam com dantes, compram alimentos industrializados, saturados e típicos do ‘homem branco’, restando, infelizmente, com a saúde precária, sendo, consequentemente, acometidos por diabetes, pressão alta, colesterol alterado, dentre outras patologias típicas do homem moderno.

Uma reportagem que li há um bom tempo atrás dizia que:

Os índios da Amazônia já não sofrem tanto com a malária, relativamente sob controle na maior floresta tropical do mundo, mas sim com as doenças comuns das grandes cidades, como a hipertensão arterial e a dislipidemia.
Assim constatou um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) feito com índios da etnia Khisêdjê que vivem no Parque do Xingu, um enorme conjunto de reservas ambientais e indígenas com 27 mil km² no meio da Amazônia do Mato Grosso e longe das grandes cidades.
Os índios, apesar de permanecerem na selva e conservarem parte de suas tradições, não são alheios às chamadas "doenças da modernidade", disse à Agência Efe Suely Godoy Agostinho Gimeno, coordenadora do estudo que elaborou o "Perfil Nutricional e Metabólico dos Khisêdjês".
O estudo, baseado em avaliações médicas feitas em 179 índios em 2011, constatou que a doença de maior incidência atualmente entre os khisêdjês é a hipertensão arterial, ao contrário de 1965, quando as principais causas de morte nesta etnia eram a malária, as doenças respiratórias e a diarreia.
De acordo com a pesquisa, apesar das doenças infecciosas e parasitárias ainda serem uma importante causa de mortalidade entre estes índios, as que mais cresceram nos últimos anos foram as crônicas não transmissíveis, como a hipertensão, a intolerância à glicose e a dislipidemia, que é um aumento anormal na taxa de lipídios no sangue.
A avaliação mostrou que 10,3% dos índios sofrem de hipertensão arterial. Os casos mais preocupantes atingem 18,7% das mulheres e 53% dos homens.
A intolerância à glicose foi diagnosticada em 30,5% das mulheres e em 17% dos homens, e a dislipidemia em 84,4% dos pacientes avaliados.
Se comparada à população não indígena a prevalência dessas doenças ainda é inferior, mas significativa para um grupo em que os índices de doenças da modernidade eram irrelevantes.
"Nossa hipótese é que essas transformações ocorreram devido a uma maior aproximação dos centros urbanos e à intensidade do contato dos índios com a sociedade não indígena", afirmou Suely Godoy.
A especialista também atribuiu o fenômeno ao fato de alguns índios passarem a ser assalariados e deixar de lado as práticas de subsistência tradicionais.
O problema também pode ser explicado, segundo a pesquisadora, pelo "maior acesso dos índios a bens de consumo como alimentos industrializados, eletrônicos e barcos a motor, que anula a necessidade de remar".
Suely Godoy esclareceu que os khisêdjês vivem nas aldeias do Parque do Xingu e estão distantes cerca de cinco horas por terra do centro urbano mais próximo.
"Mas, eventualmente, eles vão até lá e têm acesso aos mercados das cidades", disse ao se referir à presença de alimentos industrializados na dieta de uma etnia que durante séculos viveu da agricultura, da caça e da pesca.
O perfil de saúde da etnia ficou prejudicado devido às mudanças que "favorecem a incorporação de novos hábitos e costumes, e reduzem os níveis de atividade física tradicional", afirmou.
O estudo constatou que 36% das mulheres estão com sobrepeso ou obesidade, porcentagem que chega a 56,8% no caso dos homens.
A doutora em Saúde Pública admite que é difícil "generalizar" para outras etnias da Amazônia ou do Brasil o ocorrido com os khisêdjês devido à diversidade existente entre os povos indígenas do país, principalmente pelas diferenças culturais e ambientais.
Mas esse perfil de saúde, que inclui atualmente a presença das chamadas "doenças da modernidade", já foi relatado em outros povos que vivem tanto no Parque do Xingu como em outras regiões, como é o caso dos Xavantes, assegurou.
Atualmente, o Parque do Xingu abriga, aproximadamente, 5.500 indígenas de 15 etnias vivendo em 61 aldeias.

Pois é...

Como a saúde é um bem de todos e dever do Estado em promover tal benesse ao cidadão, a decisão do TRF 3, vem em excelente hora, pois infelizmente constamos que em função da modernidade que atualmente contempla os indígenas, todo o dia é dia de cuidar da saúde de índio, de branco, de preto, de amarelo, de pardo, enfim, de todos nós, sem distinção, em atenção às nossas necessidades, debilidades e fragilidades na questão que envolve vigor, resistência, saúde e qualidade de vida.

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O correto é trazer o índio para a sociedade dos homens brancos, Ora, índio já não usa mais os recursos florestais como meio de sobrevivência. Não usam mais, ervas medicinais. Depois que descobriram os recursos de qualidade de vida do ¨homem branco¨ eles, passarem a exigir os mesmos recursos. Tudo bem, então, não se justifica a imensidão de áreas de terras retidas pelos índios, eles não precisam de tanta terra. Precisamos traze-los para a nossa sociedade e fazer com que os mesmos tenham tratamentos iguais e paguem impostos e tenham meios de sobrevivência sem usufruir de quem vive trabalhando e ganhando salários de fome. Não podemos viver por toda vida sustentando índios; não há razões para isso. Os tempos são outros, já não temos mais índios de verdade, como antigamente. Existem milhares de defensores indígenas, mas, com o dinheiro dos nossos impostos, do bolso deles, nada sai. Simples assim... continuar lendo

Outro agravante seria o baixo peço comparativo de alguns desses produtos desencadeante de tais malefícios, como o açúcar e o álcool, entre outros, contribuindo assim para o entercambio de serviços e produtos à base de trocas que ainda é um costume nessas cercanias, muito mais lucrativo para os comerciantes locais! continuar lendo

Não existe mais essa coisa de intercâmbio com os índios, a base de troca, kkkkk, índio gosta mesmo é de dólares... continuar lendo

Só pode ser piada isso

É uma piada, né ? continuar lendo